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Mostrando postagens de janeiro, 2014

SÃO PAULO, 460 ANOS : "REMATE DE MALES", de Dalila Teles Veras

"eu sou trezentos, sou trezentos e cinquenta..."                                              (Mário de Andrade)  há uma gota de sangue em cada esquina   desta paulicéia desvairada   um losango cáqui apodrecido  uma lira incendiada   no carro da miséria paulistana   há cem jabutis pelas calçadas   deste chão de de ausências e calcário cidade. mais que pisada. órfã.  sem mário.  (Da antologia inédita POESIA VIVA DE SÃO PAULO,  organizada por Dalila Teles Veras e Juareiz Correya,  a ser publicada pela Panamerica Nordestal Editora  - http://www.panamerica.net.br)

SÃO PAULO, 460 ANOS : "PAULIS", de Ieda Estergilda de Abreu

Tenho por essa cidade um carinho de fera   que afaga muros ásperos, procura árvores  ventos livres.  Humana e caótica, São Paulo ruge   de urgência, acaricia e agoniza.  Digo que vou deixá-la, ela não me deixa   tem garras, amarras  jeito de apertar quando tudo parece  solto.  Digo que ela me sufoca   e pasmo por não saber seus limites.  Nela gasto os sapatos, os ossos  ela não me escapa mas não é minha   essa cidade temporal.       (Da antologia inédita POESIA VIVA DE SÃO PAULO,   organizada por Dalila Teles Veras e Juareiz Correya,  a ser publicada pela Panamerica Nordestal Editora   - http://www.panamerica.net.br) 

SÃO PAULO, 460 ANOS : "DO LARGO DO AROUCHE", de Álvaro Alves de Faria

............................................................ Aqui na floricultura  do Largo do Arouche,  eu espero o fim do mundo  olhando para a Academia Paulista de Letras.  Os automóveis estacionados na madrugada   me fazem lembrar sepulturas antigas  que me habitam.  Aqui na floricultura do Largo do Arouche  escolho as últimas flores  para a última mulher.  Tenho em mim as palavras desnecessárias   para um discurso que nunca farei.  Aqui na floricultura do Largo do Arouche   espero o fim do mundo  como quem espera o bonde  da avenida São João  que não existe mais.  (Da antologia inédita POESIA VIVA DE SÃO PAULO,  organizada por Dalila Teles Veras e Juareiz Correya,  a ser publicada pela Panamerica Nordestal Editora,  - http://www.panamerica.net.br) 

SÃO PAULO, 460 ANOS : "SP", de Izacyl Guimarães Ferreira

Desse colégio nascido num pátio  a inclinar-se na vertente ao lado  e sobre um rio fluindo ao contrário,  espalhando-se lenta por um arco  entre colinas e a serra que cai,  veio vindo ocupando seu lugar  sem procurá-lo, meio por acaso,  e das garoas, névoas, como um raio  risca o espaço e atroa, faz-se caos   e explode nessa multiplicidade.  (Da antologia inédita POESIA VIVA DE SÃO PAULO,  organizada por  Dalila Teles Veras e Juareiz Correya, a ser publicada pela Panamerica Nordestal Editora   - http://www.panamerica.net.br) 

POESIA VIVA DO RECIFE : "Paralelo Oito", de Frederico Spencer

Ao Recife, uma cidade  vestida de papel sobre as águas. No teu dorso de cidade - a giz  traço no meu caderno tuas rotas   até onde o medo me cabe :  inventário de sombras - pátio aberto  sobre o rio mocambos parasitários   à flor de tua pele   a fé de um deus seu povo viça :  pacífico e atlântico azul  o leste desatado - o sol e o mar   trago do tempo : areia e sal   de teus mapas   a solidão de minhas ilhas.   (Da antologia POESIA VIVA DO RECIFE, organizada por Juareiz Correya) ____________________________________________________ FREDERICO SPENCER - Recifense. Formado em sociologia  e psicopedagogia. Poemas e textos críticos publicados em  jornais,  revistas e blogs.  Prêmio de poesia da Academia   Pernambucana  de Letras em 1985. É editor, com Natanael Lima  Jr., do blog DOMINGO COM POESIA  (http://domingocompoesia.com).  Poesia publicada : PORTAL DO TEMPO, QUADRANTES  URBANOS, ABRIL SITIADO (também em edição eletrônica).  ........................