Pular para o conteúdo principal

POESIA VIVA DO RECIFE: "ABISMOS", de Marcelo Mário de Melo







Recife - Ponte Duarte Coelho (Boa Vista). 
Escultura do poeta popular Capiba 



Recife, povo e poesia 
Entre deleite e batalha
  Carnaval rios e pontes 
        Infância fome e mortalha  
  Fibras de dor e alegria 
      vidas tecendo a malha. 


    Em palácios e casebres 
      Fervem luxo e sobrevida
      Íntimos e amalgamados  
    Como o vírus e a ferida 
     E a poesia luz e sombra  
    Reflete o palco da vida. 



(Transcrito do livro 
OS COLARES E AS CONTAS, 
de Marcelo Mário de Melo 
- Recife, PE, 2012) 



____________________________________________________
MARCELO MÁRIO DE MELO nasceu em Caruaru 
(PE), no ano de 1944. É jornalista, poeta, contista 
e autor de textos de humor. Vive no Recife desde o ano 
em que ingressou na base do PCB aos 17 anos de idade.
Participou da fundação do PCBR em 1967-68,
 entrou na clandestinidade e foi preso político 
em Pernambuco (1971 a 1979).    Publicou o seu 
primeiro livro de poesia em 1980 (Os quatro pés 
da Mesa Posta, Edições Pirata, Recife, PE). Publicou 
mais 8 livros, incluindo 4 títulos de poesia.   

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POESIA VIVA DE NATAL : "UMA CIDADE VESTIDA DE SOL", de Racine Santos

Sendo a cidade Natal uma filha do Nordeste pega o sol toda manhã e com ele então se veste. Natal se veste de sol roupa de rica fazenda não se rasga nem se suja e tampouco se remenda. O sol cai sobre Natal como roupa bem talhada (de linho ou de algodão) que a traz iluminada. Como uma roupa de festa, um vestido de noivado, ou como um terno branco todo engomado. Como uma roupa de gala eu bem diria, mesmo que seja usada no dia a dia. Roupa de puro sol que larga se faz na praia onde parece um lençol : branco lençol de cambraia. Assim vestida de sol a cidade de Natal lembra mulher em repouso terna e sensual. De dezembro a fevereiro quando mais forte o calor a cidade então se veste com mais apuro e rigor. Nesse tempo de verão explode a cidade em luz : por todo canto se vê os estilhaços cajus. Mesmo vestida de sol (como pedra no sertão) ainda mais se agasalha quando se faz o verão. No verão ela se veste de sol com tanta alegria que se mai

POESIA VIVA DO RECIFE : "ESFOLHANDO O AMADO CORPO" (fragmento), de Luzilá Gonçalves

... Tudo cabe aqui :  uma menina magrinha retoma o caminho do colégio  pelas ruas do Espinheiro e a adolescência se refaz  no Parque 13 de Maio, onde a gente festeja a vida   depois das aulas. Aqui reencontro amigos,  naquela praça ouvi meu primeiro "eu te amo", naquele   cais chorei o amor desesperadamente perdido,  o Capibaribe por testemunha.    Outras cidade serão mais belas - o mundo está   cheio de corpos lindos - mas nenhuma delas me daria esta sensação permanente de surpresa e descobertas,  ser único e insubstituível, cuja forma, odores, maciez,  eu reconheceria de olhos fechados Recife, corpo  amado.    (Da antologia POESIA VIVA DO RECIFE,  organizada por Juareiz Correya)  _______________________________________________________________ LUZILÁ GONÇALVES  -  Nasceu em Garanhuns (PE) e vive no Recife desde  os 6 anos de idade.  Poetisa, contista, romancista, ensaísta e professora  universitária (Letras/UFPE).  Publ

CELINA DE HOLANDA : "POVO DE DEUS"

CELINA DE HOLANDA   (Cabo de Santo Agostinho, PE)  Centenário de Nascimento em 2015  Ouço o povo numero de Deus.  Vem dos mangues, cárceres   e morros.  O Recife pulsa  pulso forte de aço, onde vivo.  À noite, fecho a porta à beira-rio  lama e carne indissolúveis.  Ouço as portas.  É o clamor do povo de Deus, abrindo-as.    ___________________________________________________ Poema selecionado do CD "CELINA DE HOLANDA  E AS MULHERES DA TERRA (voz de Vernaide Wanderley),  lançado, neste mês de agosto / 2016, no Cabo de Santo  Agostinho, PE, em homenagem ao Centenário de Nascimento   da Poetisa Celina de Holanda (1915 - 2015).  Co-produção da Panamerica Nordestal Editora e Produções   Culturais e Secretaria de Cultura / Secretaria de Educação /  Prefeitura Municipal do Cabo de Santo Agostinho.