Pular para o conteúdo principal

POESIA VIVA DO RECIFE : "DESCOBRIMENTO DO RECIFE" (fragmento), de Maria de Lourdes Hortas





...................................................... 


Debruçada na cisterna das chuvas de ontem  
convoquei sombras e lume  
heróis e nave  
saudade e ternura  
catedrais, hinos  
atavismos, guitarras 
heranças e destinos. 
Todavia, no coagulado silêncio das águas pantanosas  
me vi - forasteira por ruas alheias.   

Chego, enfim, ao presente  
reverso desta paisagem 
lá onde estou 
outra margem deste mar  
águas se desdobrando em rios e mangues  
e pedras se fazendo arrecifes. 


(Da antologia POESIA VIVA DO RECIFE,
organizada por Juareiz Correya)


_________________________________________________________
MARIA DE LOURDES HORTAS - Nasceu em São Vicente da Beira 
(Portugal). Vive no Recife desde os 9 anos de idade. Poetisa, 
ensaísta, contista e romancista. Exerceu, por alguns anos, o cargo 
de diretora cultural do Gabinete Português de Leitura de Pernambuco.
Poesia publicada : Aromas da Infância, Fio de Lã, Giestas, Outro 
Corpo, Recado de Eva, Todavia, Rumor de Vento. Edita o blog 
literário Poesia de Maria de Lourdes Hortas. Participou da primeira  
edição da antologia Poesia Viva do Recife (CEPE, Recife, PE,1996)

Acesse : AGENDA CULTURAL (Março 2014) 
http://www.recife.pe.gov.br/agendacultural 



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POESIA VIVA DE NATAL : "UMA CIDADE VESTIDA DE SOL", de Racine Santos

Sendo a cidade Natal uma filha do Nordeste pega o sol toda manhã e com ele então se veste. Natal se veste de sol roupa de rica fazenda não se rasga nem se suja e tampouco se remenda. O sol cai sobre Natal como roupa bem talhada (de linho ou de algodão) que a traz iluminada. Como uma roupa de festa, um vestido de noivado, ou como um terno branco todo engomado. Como uma roupa de gala eu bem diria, mesmo que seja usada no dia a dia. Roupa de puro sol que larga se faz na praia onde parece um lençol : branco lençol de cambraia. Assim vestida de sol a cidade de Natal lembra mulher em repouso terna e sensual. De dezembro a fevereiro quando mais forte o calor a cidade então se veste com mais apuro e rigor. Nesse tempo de verão explode a cidade em luz : por todo canto se vê os estilhaços cajus. Mesmo vestida de sol (como pedra no sertão) ainda mais se agasalha quando se faz o verão. No verão ela se veste de sol com tanta alegria que se mai

POESIA VIVA DO RECIFE : "ESFOLHANDO O AMADO CORPO" (fragmento), de Luzilá Gonçalves

... Tudo cabe aqui :  uma menina magrinha retoma o caminho do colégio  pelas ruas do Espinheiro e a adolescência se refaz  no Parque 13 de Maio, onde a gente festeja a vida   depois das aulas. Aqui reencontro amigos,  naquela praça ouvi meu primeiro "eu te amo", naquele   cais chorei o amor desesperadamente perdido,  o Capibaribe por testemunha.    Outras cidade serão mais belas - o mundo está   cheio de corpos lindos - mas nenhuma delas me daria esta sensação permanente de surpresa e descobertas,  ser único e insubstituível, cuja forma, odores, maciez,  eu reconheceria de olhos fechados Recife, corpo  amado.    (Da antologia POESIA VIVA DO RECIFE,  organizada por Juareiz Correya)  _______________________________________________________________ LUZILÁ GONÇALVES  -  Nasceu em Garanhuns (PE) e vive no Recife desde  os 6 anos de idade.  Poetisa, contista, romancista, ensaísta e professora  universitária (Letras/UFPE).  Publ

CELINA DE HOLANDA : "POVO DE DEUS"

CELINA DE HOLANDA   (Cabo de Santo Agostinho, PE)  Centenário de Nascimento em 2015  Ouço o povo numero de Deus.  Vem dos mangues, cárceres   e morros.  O Recife pulsa  pulso forte de aço, onde vivo.  À noite, fecho a porta à beira-rio  lama e carne indissolúveis.  Ouço as portas.  É o clamor do povo de Deus, abrindo-as.    ___________________________________________________ Poema selecionado do CD "CELINA DE HOLANDA  E AS MULHERES DA TERRA (voz de Vernaide Wanderley),  lançado, neste mês de agosto / 2016, no Cabo de Santo  Agostinho, PE, em homenagem ao Centenário de Nascimento   da Poetisa Celina de Holanda (1915 - 2015).  Co-produção da Panamerica Nordestal Editora e Produções   Culturais e Secretaria de Cultura / Secretaria de Educação /  Prefeitura Municipal do Cabo de Santo Agostinho.