Pular para o conteúdo principal

POESIA VIVA DO RECIFE : "CHOVE NA RUA DO SOL", de Luciano Nunes






Andando
com meus óculos embaçados
na neblina de maio
atravesso a Ponte Duarte Coelho
sinto os dedos do tempo, ao lado,
batendo no ombro do silêncio. 

Recife é a parede a janela 
dela vejo o mundo.
Lá fora Deus é pássaro. 

Chove na Rua do Sol
Chove no Rio da Rua da Aurora
Quem sente frio na Rua do Sol
Escreve poesia com a tinta da chuva. 

Passeia chuva, passeia,
Passeia na ponte, vadeia nas ilhas. 
Domingo de chuva e silêncio
mergulho no rio das horas 
com meus óculos embaçados.   



(Da antologia POESIA VIVA DO RECIFE, 
organizada por Juareiz Correya )


________________________________________
LUCIANO NUNES - Recifense.  É funcionário
público federal. Poeta, compositor e autor  de 
música popular, com gravações em CDs de Patricia 
Cruz e Paulo Diniz.  Tem pronto para publicação 
um estudo sobre poetas populares nordestinos. 
Inédito em livro.   

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POESIA VIVA DE NATAL : "UMA CIDADE VESTIDA DE SOL", de Racine Santos

Sendo a cidade Natal uma filha do Nordeste pega o sol toda manhã e com ele então se veste. Natal se veste de sol roupa de rica fazenda não se rasga nem se suja e tampouco se remenda. O sol cai sobre Natal como roupa bem talhada (de linho ou de algodão) que a traz iluminada. Como uma roupa de festa, um vestido de noivado, ou como um terno branco todo engomado. Como uma roupa de gala eu bem diria, mesmo que seja usada no dia a dia. Roupa de puro sol que larga se faz na praia onde parece um lençol : branco lençol de cambraia. Assim vestida de sol a cidade de Natal lembra mulher em repouso terna e sensual. De dezembro a fevereiro quando mais forte o calor a cidade então se veste com mais apuro e rigor. Nesse tempo de verão explode a cidade em luz : por todo canto se vê os estilhaços cajus. Mesmo vestida de sol (como pedra no sertão) ainda mais se agasalha quando se faz o verão. No verão ela se veste de sol com tanta alegria que se mai

CELINA DE HOLANDA : "POVO DE DEUS"

CELINA DE HOLANDA   (Cabo de Santo Agostinho, PE)  Centenário de Nascimento em 2015  Ouço o povo numero de Deus.  Vem dos mangues, cárceres   e morros.  O Recife pulsa  pulso forte de aço, onde vivo.  À noite, fecho a porta à beira-rio  lama e carne indissolúveis.  Ouço as portas.  É o clamor do povo de Deus, abrindo-as.    ___________________________________________________ Poema selecionado do CD "CELINA DE HOLANDA  E AS MULHERES DA TERRA (voz de Vernaide Wanderley),  lançado, neste mês de agosto / 2016, no Cabo de Santo  Agostinho, PE, em homenagem ao Centenário de Nascimento   da Poetisa Celina de Holanda (1915 - 2015).  Co-produção da Panamerica Nordestal Editora e Produções   Culturais e Secretaria de Cultura / Secretaria de Educação /  Prefeitura Municipal do Cabo de Santo Agostinho. 

POESIA VIVA DO RECIFE : "ESFOLHANDO O AMADO CORPO" (fragmento), de Luzilá Gonçalves

... Tudo cabe aqui :  uma menina magrinha retoma o caminho do colégio  pelas ruas do Espinheiro e a adolescência se refaz  no Parque 13 de Maio, onde a gente festeja a vida   depois das aulas. Aqui reencontro amigos,  naquela praça ouvi meu primeiro "eu te amo", naquele   cais chorei o amor desesperadamente perdido,  o Capibaribe por testemunha.    Outras cidade serão mais belas - o mundo está   cheio de corpos lindos - mas nenhuma delas me daria esta sensação permanente de surpresa e descobertas,  ser único e insubstituível, cuja forma, odores, maciez,  eu reconheceria de olhos fechados Recife, corpo  amado.    (Da antologia POESIA VIVA DO RECIFE,  organizada por Juareiz Correya)  _______________________________________________________________ LUZILÁ GONÇALVES  -  Nasceu em Garanhuns (PE) e vive no Recife desde  os 6 anos de idade.  Poetisa, contista, romancista, ensaísta e professora  universitária (Letras/UFPE).  Publ