ao meu rincão
que soletrei sílabas de todos os tons
deixo o meu desejo provinciano
foi nas tuas praças que descobri a poesia
foi na tua noite que desvendei mistérios
foi no teu dia que morri muitas vezes
foi no teu canavial que deixei meu sangue
foi no teu rio que comunguei com a vida
dos bairros nobres ao baixo meretrício
dos bueiros da usina aos estudos da faculdade
da safra da cana à entressafra da razão
da incompetência da câmara ao sucesso dos loucos
dos desvarios comerciais aos crimes impunes
das damas hipócritas às jovens sedutoras
das reuniões inúteis às salas de dança
dos cultores do passado aos artistas malucos
me completei
me dizimei
e me consenti
com certeza te deixo o meu velório
e a paz de quem sorri.
(Da antologia POETAS DOS PALMARES,
organizada por Juareiz Correya,
em edição eletrônica a ser lançada em dezembro/2014
pela Panamerica Nordestal Editora, do Recife)
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LUIZ ALBERTO MACHADO é palmarense, filho do poeta Rubem de Lima
Machado. Poemas publicados em jornais locais e de diversos Estados
brasileiros. Ainda muito jovem, participou dos movimentos culturais de
Palmares. Músico e escritor, é também autor de diversas peças e dirigiu
grupos teatrais amadores. Participou de vários festivais de música.
Publicou, entre outros, os livros de poesia Para viver o personagem
do homem (1982), A intromissão do verbo (1983), Raízes e Frutos,
em parceria com Rubem de Lima Machado (1985), Canção da Terra
(1987), Paixão Legendária (1991) e Primeira Reunião (1992). Publicou
vários títulos de literatura infantil. Atualmente vive em Maceió (AL),
onde dirige a Edições Nascente e edita um site literário com o seu nome - http://www.luizalbertomachado.com.br
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